sábado, 13 de outubro de 2007

As eleições no PSD - impacto nacional e local

As eleições do PSD, impacto nacional e local

Sendo o maior partido da oposição em Portugal e o partido com maior relevância autárquica na Maia, tudo o que se passa no PSD tem impacto nesses dois níveis, sobretudo quando está em causa a eleição de um novo líder e muito especialmente quando esse facto interrompeu um mandato em curso.

Não me debruçarei sobre aquilo que considero terem sido as causas que levaram às recentes eleições do PSD, mas sim sobre o meu entendimento sobre as principais consequências das mesmas.

A mais importante dessas consequências, no plano nacional, que julgo ser incontornável, é que o Dr. Luís Filipe Menezes só poderá ter como fasquia a vitória nas eleições legislativas de 2009. Qualquer outro resultado não será admissível para nenhum filiado do PSD e provocará o fim da sua liderança.

Alguns dirão que esta opinião significa condenar o Dr. Menezes a uma fasquia demasiado pesada. Que é pesada não duvido, mas que foi o próprio que a escolheu também é inquestionável.

Outra das consequências, e condição sine qua non para o bom sucesso da anterior, passa pela obrigatoriedade do Dr. Luís Filipe Menezes corporizar uma alternativa real e sustentada ao Partido Socialista, alternativa essa que demarque claramente as diferenças e que a essa demarcação corresponda uma política evidentemente distinta.

Essa alternativa sustentada só será possível através da apresentação, tão breve quanto possível, de um programa político e de uma perfeita articulação entre o presidente do partido e o grupo parlamentar.

Quanto ao plano local é evidente que as eleições, quer do líder quer dos delegados ao congresso, revelaram uma divisão clara, com uma consequente derrota da tendência que o Dr. Paulo Ramalho é dado como líder, o que esbroa a concertação eleitoral efectuada para actual comissão política que possibilitou a consensualização, à altura, de duas visões claramente distintas.

Não sou daqueles que considero que os últimos resultados eleitorais ditam, de forma imediata, o fim da solução encontrada para a composição da citada composição política, mas obrigam a uma análise atenta por parte, sobretudo, do presidente da comissão política, que pode optar, pelo menos, por um de três caminhos: considerar que as eleições foram de carácter nacional e nesse sentido a sua liderança não foi minimamente posta em causa – o que é legítimo do ponto de vista formal – ou, pelo contrário, fazer uma leitura dramática dos ditos resultados e demitir-se. O terceiro caminho, que a mim enquanto observador e enquanto pessoa que já liderou várias comissões políticas, me parece mais adequada, passará por exigir um voto de confiança não só à comissão política como ao próprio plenário de filiados e conforme os seus resultados agir em conformidade.

Mário Nuno Neves

1 comentário:

Manuel Ferreira disse...

Qualquer análise que se faça com leitura local, não deve esquecer que as eleições que houveram foram para o presidente do partido. Isto é, nacionais e não locais.
É evidente que muitas interpretações se podem tirar destas eleições, e a prova disso são as análises, todas mais menos diferenciadas, dos três senadores.
Cada observador, tem a sua análise própria.
Mas, confesso, é sempre algo contraditório e até perigoso querer extrapolar os resultados das directas com efeitos nas concelhias.
Na Maia, como se sabe, a composição da concelhia assentou num acordo prévio, entre as duas sensibilidades mais fortes do partido.
Uma protagonizada por Bragança Fernandes e outra por Paulo Ramalho. Não vale a pena escamotear esta realidade.
E este acordo, visava objectivos de reposicionamento nos orgãos do partido, como ainda na câmara.
Acho que com as directas nada se alterou neste acordo, nem na vontade dos militantes que o subscreveram.
Possivelmente, se hoje, houvessem eleições para a concelhia, haveriam militantes a cruzarem os seus votos de maneira diferente daquela que usaram para as directas.
Para mim, o que é fundamental para o partido, é o interesse do próprio partido, perante o seu principal adversário, o partido socialista.
E nesta perspectiva tudo o que se fizer no interior do partido para levarmos de vencida o partido socialista, deverá ser benvindo.